sábado, 15 de outubro de 2005

Quanto?

Folha de São Paulo Online:

País investe em educação menos do que diz

KENNEDY ALENCAR
do enviado especial da Folha de S.Paulo ao Porto

O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou ontem em viagem a Portugal que o Brasil investe "menos do que 4%" do PIB (Produto Interno Bruto) na sua área, ao contrário do que indicam as estatísticas oficiais dos últimos anos.

Segundo ele, gastos em outras áreas, como saúde, são contabilizados como despesas em educação. Disse ainda que o país deveria investir durante 20 anos pelo menos 6% do PIB se quiser realmente resolver seus problemas na área educacional.

Ao afirmar que o Brasil gastava menos do que 4% do PIB em educação, Haddad se referia a cálculos que serão divulgados em breve por sua pasta.

Ele diz acreditar que essa conta norteará futuras discussões sobre investimentos. Formalmente, disse o ministro, o Brasil tem gastado dentro da média prescrita pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), entidade internacional que reúne os países mais ricos do mundo e avalia regularmente políticas educacionais. Aplicar 6% seria adotar a recomendação da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

Haddad atribuiu as raízes do que chamou "atraso educacional" do Brasil a três fatores que só teriam acontecido simultaneamente no país: "Colonização retrógrada, escravidão longa e patrimonialismo". Afirmou que "o Brasil é o Estado menos republicano" da América Latina se levada em conta a sua história até os dias atuais.

Para o ministro, a colonização portuguesa, a independência do país (1822) e a proclamação da República (1889) aconteceram sem "rupturas" que ocorreram em todo o continente americano. Ele lembrou que o Brasil foi o último país a abolir a escravidão (1888). E disse que o patrimonialismo (grosso modo, quando a elite usa o Estado como um bem privado e a seu serviço individual) é uma característica contemporânea do país.

O ministro afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito esforços para superar os problemas na educação, mas destacou que a solução virá apenas quando eles se transformarem numa prioridade de "toda a sociedade". Com a consolidação da democracia e a estabilidade econômica, "a educação formaria o tripé para aumentar o desenvolvimento."

Haddad disse que hoje já existiria consenso de 90% entre União, Estados e municípios a respeito do que fazer para melhorar a educação. Ele considera que um grande plano nessa área uniria todos os partidos políticos e lembrou que o Congresso tem tomado medidas pró-educação.

Ele conta que recebeu um telefonema recente do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, que relatou ter participado de um jantar com empresários para discutir educação. "Acho que é a primeira vez na nossa história que um ministro da Fazenda vai tratar disso com empresários."

O assessor especial de Lula para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, que participou da conversa de Haddad com jornalistas no Porto, disse que o presidente recebeu uma pesquisa do NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos) que mostra que a população elegeu a educação como sua prioridade número um. Sob o comando do assessor especial e ex-ministro Luiz Gushiken, o NAE propõe fazer um plano para a formação e qualificação de professores. Haddad e Garcia estavam na comitiva de Lula na viagem presidencial à Europa.

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sexta-feira, 14 de outubro de 2005

Estamos preparados?

O ESTADO DE SÃO PAULO:

Gripe aviária causa apreensão internacional

"É só uma questão de tempo para que surja uma pandemia de gripe asiática", adverte o diretor-geral da OMS, Lee Jong-wook

Bruxelas e Washington - A confirmação na quinta-feira de que o vírus da gripe aviária encontrado em aves na Turquia é do tipo H5N1, considerado o mais mortífero, e a forte possibilidade de o vírus detectado na Romênia na semana passada ser do subtipo H5N1, estão causando apreensão na Europa e nos Estados Unidos. A União Européia determinou o embargo das importações de aves e carnes de aves da Romênia e da Turquia após a confirmação dos casos da doença nesses países.

Nem todos os vírus H5 são perigosos. O H5N1, porém, é visto como forte candidato a causador de uma pandemia de gripe aviária, caso o homem se torne agente transmissor do vírus. Até o momento, contudo, o vírus só foi transmitido de aves para humanos, e não de humanos para humanos. "É só uma questão de tempo para que surja uma pandemia ", adverte o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Lee Jong-wook.

Diante da possibilidade, cada vez maior, de uma pandemia (epidemia generalizada), a Comissão Européia (braço executivo da União Européia) recomendou aos países europeus que façam reservas de antivirais. Na Turquia, mais de 28 mil doses de Tamiflu foram vendidas nos últimos dias. Esse é o único antigripal eficaz contra a gripe do frango.

O comissário de Saúde da União Européia, Markos Kyprianou, disse que os testes do vírus encontrado na Turquia revelaram que há uma relação direta com os vírus detectados na Rússia, Mongólia e China. Kyprianou declarou que a UE está considerando medidas de precaução que devem ser tomadas pelos países do bloco. Outros testes também estão sendo conduzidos para analisar algumas aves selvagens encontradas mortas na Bulgária.

EUA se previnem - Após a confirmação de uma infecção com o vírus H5N1 na Turquia, e para garantir proteção à produção local, o Departamento da Agricultura dos EUA (USDA), impôs restrições severas às importações de aves. "Nós colocamos em ação há vários anos um grande número de medidas para evitar qualquer risco de epidemia de gripe das aves em nosso país", declarou Madelaine Fletcher, porta-voz dos serviços veterinários do USDA.

Devido a sanções e restrições comerciais rigorosas, a Turquia não exporta para os EUA nenhum frango vivo ou carne de frango há pelo menos dois anos. O mesmo acontece para o México e o Canadá. "Nossa melhor estratégia é impedir que essas aves ou a carne de frango entrem em nosso território", explicou Fletcher.

Avicultura - Em 2002, a influenza aviária atingiu o Chile, com quem o Brasil mantém um intenso comércio de alimentos. No domingo, a Colômbia notificou a presença da enfermidade.

"Se o Brasil registrar alguma ocorrência, as exportações de frango param imediatamente", afirma Ariel da Silva Neto, vice-presidente técnico da União Brasileira de Avicultura (UBA). "O Brasil detém 40% do mercado exportador de frangos, é o maior exportador do mundo", explica. Segundo ele, para manter essa posição, o Brasil precisa se manter imune à influenza aviária.

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quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Cólera

OGLOBO:


Seca pode causar volta do cólera no Norte


SÃO PAULO. A seca que atinge os rios do Amazonas começa a preocupar os órgãos ligados à saúde no estado. O principal receio é com o cólera e com doenças agudas que provocam diarréia. A Fundação de Vigilância em Saúde determinou alerta vermelho em 13 municípios considerados de maior risco.

O risco é maior por conta da diminuição das águas dos rios. Em cidades do Peru que fazem fronteira com o estado, a seca já é a maior dos últimos 30 anos. A Fundação teme que pelo país vizinho haja o retorno do cólera, como nos anos 90, quando 159 pessoas morreram no estado amazonense vítima da doença. Com a volta das chuvas ao estado, o governo do Acre voltou a liberar a queima controlada.

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quarta-feira, 12 de outubro de 2005

No dia das Crianças

JBr ONLINE:

Sonho de crianças

A foto de uma criança abraçada à estrela vermelha do Partido dos Trabalhadores emoldurou o momento do voto do presidente Lula em seu desgastado candidato Ricardo Berzoini – que foi o ministro do Trabalho que enfileirou os velhinhos para recadastramento e que, agora, pretende mudar os procedimentos do partido e do governo.

Lula foi uma daquelas crianças brasileiras que tinha tudo para viver nas ruas ou em instituições intituladas como protetoras de menores. No entanto, por um desses desígnios do destino, conseguiu superar a pobreza e o abandono para se transformar no pai simbólico da nação brasileira.

Pelo passado do presidente, o povo imaginou que a prioridade das ações governamentais seria a questão social. Não existiam dúvidas de que a educação, a saúde, o fortalecimento da família e a segurança formariam o plano de metas que diminuiria a cruel distribuição de renda, com a geração de novos empregos, melhores salários e vida digna para os desfavorecidos. Não foi isso o que aconteceu. No primeiro momento de seu governo, Lula acolheu no ministério os políticos que o povo recusou; os derrotados nas eleições. Em seguida, fulminou, por telefone, o senador Cristovam Buarque, demitindo-o do Ministério da Educação e criando o primeiro inimigo interno do governo da mentira institucional. Buarque já seguiu o seu destino e procurou, na sombra de Brizola, o seu espaço político.

O presidente Lula, talvez por não ter experimentado a orientação paterna, até pelos motivos causados pelo abandono, está se saindo como péssimo orientador de seus pimpolhos, e, nesse Dia da Criança, é um bom momento para meditação sobre como não criar filhos ou apadrinhados da vida pública. Tratando como crianças desobedientes ou peraltas àqueles a quem deve repreender com rigor, o presidente está transmitindo às crianças brasileiras que não tem nada de mais ser corrupto ou irresponsável. O episódio do seu filho, que se transformou do dia para a noite em milionário, recebeu do pai querido e compreensivo a simples alusão de que não se mete nos negócios dos seus filhos. Como ficarão as crianças cujos pais nunca serão presidente? Imaginarão que mesmo que estudem e trabalhem à exaustão não terão oportunidade de criar uma empresa de videogame e transformá-la, em segundos, num grande negócio. O caso não é digno de servir de exemplo na formação das futuras gerações.

Outro caso de criancice que merece destaque foi a reunião do querido paipai Lula com seus meninos quase decapitados pela Câmara dos Deputados. Os guris comportados, de banho tomado, cabelos lambidos e fisionomias de seminaristas, se prostraram perante o mestre para ouvir a admoestação carinhosa sobre seus atos infracionais ao pegar dinheiro de origem duvidosa e de mãos mais sujas do que pau de galinheiro. Os meninos infratores, em vez de esclarecedoras orientações para procedimentos futuros, foram denominados de pessoas que erraram e não de corruptos, como estão sendo apontados pelas investigações das CPMIs e da Polícia Federal. Todos aceitaram a sugestão de saírem de fininho, como já havia sido indicado por Roberto Jefferson. Como penitência, mesmo para os ateus, foi determinado que rezassem três Ave-Marias e um Pai-Nosso. Obedientes, os meninos entrarão de férias compulsórias e poderão reiniciar suas caminhadas pelas ruas, justificando que já pagaram seus pecados e estão prontos para receber os votos que os recolocarão no Congresso.

Por último é a questão do Genival Inácio, irmão de Lula e agenciador de audiências no Palácio do Planalto. A mão amiga do presidente já afastou qualquer suspeita sobre a conduta do mano. São essas ações, nada exemplares, que amarguram os corações das crianças no seu dia, que deveria ser festivo, mas não o é pelo medo e pela desesperança que se instalaram no País.

Paulo Castelo Branco é advogado

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domingo, 9 de outubro de 2005

Economia de mercado

De Augusto Nunes em JB Online:

Para quê? Para nada

O Brasil fez coisas de que até o Brasil duvida para obter a vaga no Conselho de Segurança da ONU. Enquanto espalhava pelo mundo diplomatas reduzidos a cabos eleitorais, trocou de amigos, revogou a ética, renunciou à autoestima e demitiu a lógica.

Aconselhado pelos cortesãos do Itamaraty, o ex-operário Lula arquivou o passado para afirmar que a China pratica uma economia de mercado. Lá, os trabalhadores ganham pouco mais que os escravos dos tempos do café. Subsídios favorecem exportações, importações enfrentam barreiras inverossímeis.

Louco por negócios da China (e sempre atrás da vaga sonhada), o país vendeu a alma. Não entrou no mercado chinês. E foi barrado na ONU.

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Quer ler?

Opinião de Elio Gaspari em OGlobo de hoje:

Uma boa leitura: ‘Lula e Mefistófeles’

Está na internet a melhor narrativa da crise do PT-Federal. Chama-se “Lula e Mefistófeles” e foi escrita por Norman Gall, diretor-executivo do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, sediado em São Paulo. É uma produção típica do padrão Gall de qualidade. Longo (equivale a 80 páginas de livro), metódico (não esquece uma só maracutaia) e rigoroso (segue o argumento do título). Mefistófeles, o “arcanjo da corrupção”, é Roberto Jefferson e tudo o que teve em volta, do petequeiro dos Correios a Marcos Valério e José Dirceu. Para quem está atrás de foco, o encadeamento do trabalho é enciclopédico.

Devastador na simplicidade: “Lula teve suas escolhas. O que ele fez com elas reflete uma personalidade muito complexa, alguém cuja ascensão espetacular gerou uma arrogância que o fez perder seu norte moral.” Lula fez um pacto com Asmodeu e a conta chegou. Gall mostra o que há de estrutural na crise e o que nela foi injetado pela trama petista.

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POLÍTICA DE PRIVACIDADE

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