segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Trabalho acidentado

JBr Online:

SP tem metade dos acidentes

O estado mais desenvolvido do Brasil também é o líder nacional em acidentes de trabalho, de acordo com estimativas do coordenador da área de Saúde do Trabalhador da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, Koshiro Otani. No estado, um trabalhador morre a cada uma hora e meia, durante o exercício de seu ofício ou no transporte de ida ou volta ao local de trabalho. Todos os anos, acidentes e doenças relacionadas ao trabalho atingem 400 mil pessoas, das quais 80 mil são mutiladas. Os custos socioeconômicos, diretos e indiretos, causados por esses acidentes, doenças e mortes atingem US$ 5 bilhões anuais para o estado.

O coordenador informa que essas estimativas basearam-se em estudo do acadêmico José Pastore, da Universidade de São Paulo (USP). Metade dos acidentes de trabalho no País ocorre em território paulista, segundo a estimativa dele. "Eu diria que é uma tragédia social. Morrer um trabalhador a cada uma hora e meia no Estado de São Paulo é mais do que a guerra do Iraque, do que a guerra do Vietnã e mais do que as mortes causadas pelas armas", afirma Otani, que foi um dos coordenadores da Conferência Estadual de Saúde no Estado de São Paulo.

Taxas - Ele avalia que o elevado grau de desenvolvimento econômico e industrial de São Paulo seja o responsável pelas altas taxas de acidentes e doenças nos trabalhadores paulistas. Nos centros urbanos do estado, onde estão concentradas as áreas tecnológicas, têm-se tornado comuns as lesões por esforço repetitivo (LER) e o estresse causado pelo trabalho. Na zona rural, os paulistas enfrentam problemas como falta de condições de segurança e contato com materiais tóxicos.

O médico Otani cita como exemplo o transporte das pessoas que trabalham no campo. "As condições são piores que as dos animais. Às vezes, você vê um animal sendo transportado com divisórias, direitinho. No caso do homem, está misturado com as ferramentas de trabalho, em cima de carrocerias, causando acidentes graves de transporte, o que não deixa de ser acidente de trabalho", diz ele.

Para o médico sanitarista José Carlos do Carmo, que também coordenou um dos eixos temáticos da conferência estadual, todos os tipos de acidentes e doenças do trabalho são encontrados em São Paulo, devido ao contraste entre a modernização na área urbana e a falta de condições na área rural. "O Estado de São Paulo é uma síntese dos problemas que acontecem no Brasil. Nós temos aqui desde questões relacionadas a processos em sistema de trabalho que envolve tecnologia de ponta, como acontece nos países mais desenvolvidos do planeta, até situações muito antigas, como por exemplo, máquinas perigosas, condições adversas de trabalho no campo", afirma.

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domingo, 30 de outubro de 2005

Em cartaz

Elio Gaspari em OGlobo:

Os novos bruxos usam velhos métodos

Os muros de Brasília lembram que, em 1984, uma expedição comandada por um oficial do Centro de Informações do Exército saiu pela noite pregando cartazes nos quais Tancredo Neves estava retratado abaixo de uma foice e martelo com a inscrição: “Chegaremos lá”. Os comandantes militares da época obstruíram a investigação e disseram que nada tinham a ver com a história.

A bruxaria difamatória voltou. Em benefício do governo, os delinqüentes não foram favorecidos por qualquer obstrução. O episódio dos cartazes que mostravam a cabeça do presidente do PFL, Jorge Bornhausen, no corpo de Adolf Hitler, pode ajudar a observação da promiscuidade estabelecida entre o PT, o governo, o sindicalismo da CUT e os seus esquadrões aparelhados.

Aos fatos, em ordem cronológica:

22 de setembro: Avel de Alencar, 42 anos, funcionário do Serpro, petista desde 1993, diretor-jurídico do Sindicato dos Profissionais em Processamento de Dados de Brasília, recebe uma mensagem eletrônica de Marcos Wilson, assessor da liderança da bancada do PT na Câmara Legislativa da cidade. Anexa, vai a fotomontagem de Bornhausen/Hitler. Wilson expediu a encomenda usando o endereço eletrônico de sua filiação partidária (ptcldf.org.br).

2 de outubro: Em nome da Escola de Formação de Trabalhadores de Informática, Abelmar Avelar, irmão de Avel, contrata a impressão de três mil cartazes com a montagem. A EFTI é um pequeno empreendimento ajudado pelo Programa de Expansão Profissional do MEC. Entre os seus clientes lista a Fundação Banco do Brasil, seis ministérios, dois tribunais e pelo menos outros dez fregueses da Viúva. O serviço foi pago com um cheque pessoal de Avel no valor R$ 1.060. Ele é o diretor-geral da EFTI.

6 de outubro: Os cartazes são entregues a Avel. Pelo menos mil serão guardadas em local ao alcance da direção do Sindicato.

7 de outubro:Lula recebe a bancada petista no Planalto e, referindo-se aos parlamentares acusados de corrupção, diz que “é preciso ter mais solidariedade, pois todos são construtores do PT.”

19 de outubro:O repórter Jorge Bastos Moreno é informado de que, durante uma reunião, Lula teve um descontrole verbal ao reclamar de Bornhausen.

20 de outubro: O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, ex-presidente da CUT, ataca a oposição e diz que “Bornhausen tem saudades de Hitler”.

24 de outubro: Moreno revela em seu blog a informação que recebera dias antes: “Palavrões mesmo. Desses capazes de arrepiar o mais desbocado dos desbocados.” Na mesma noite o porta-voz do Planalto desmente essa informação. (A pessoa que a deu não fez o mesmo, chegando a repeti-la em outra oportunidade.) Durante a madrugada os cartazes, guardados há 18 dias, são colados em muros na Esplanada dos Ministérios.

25 de outubro: Avel Alencar assume a responsabilidade pela bruxaria: “Eu mandei fazer a arte e paguei com meu dinheiro.”

No mesmo dia o governo, a CUT e caciques petistas condenaram a iniciativa. Cristiane Arnaud, presidente do Sindicato dos Profissionais em Processamento de Dados, informou: “Nós não o apoiamos, foi uma coisa só dele”. Em seguida revelou que destruiu mil cartazes. Falta explicar como, não tendo nada a ver com a história, podia tomar essa providência.

Talvez interesse aos companheiros o desfecho do caso dos bruxos de 1984. O oficial cuja tropa fora utilizada, a pedido do CIE, teve a carreira liquidada pelo silêncio de seus cúmplices.

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