quarta-feira, 19 de outubro de 2005

Horário de Verão

OGLOBO:

Deputado baiano perdeu hora da renúncia


BRASÍLIA. O deputado baiano Josias Gomes (PT) bem que tentou renunciar ao seu mandato, mas não conseguiu. Chegou atrasado. Josias entrou na Secretaria Geral da Mesa da Câmara com a carta de renúncia anteontem às 18h25m, mas não dava mais tempo. O secretário da Mesa, Mozart Vianna, ainda se esforçou. Ligou para o Conselho de Ética, mas o prazo já havia expirado às 18h02m. Por uma diferença de 23 minutos, o deputado terá de manter o mandato e submetê-lo ao risco da cassação, com a conseqüente perda dos direitos políticos — o que vale dizer, sem chances de voltar à Câmara nas próximas eleições.

Nervoso, o parlamentar petista teve que ser acalmado por um assessor do PPS. A falta de sorte de Josias consumou-se ontem no sorteio dos relatores: seu caso será relatado por um deputado de oposição, o tucano paulista Mendes Thame.

Informado da impossibilidade de renunciar ao mandato, Josias Gomes esperneou. Atribuiu o atraso ao horário de verão, ao qual ainda não estava adaptado. O secretário da Mesa recomendou, então, que ele procurasse o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP). A tentativa foi em vão. O deputado baiano não conseguiu audiência com Rebelo naquela hora.

Procurado ontem pelo GLOBO, Josias desconversou e negou que tenha tentado renunciar ao mandato. Ele disse que, de fato, passou na Secretaria Geral da Mesa, mas afirmou que estava a passeio.

— Estava indo em direção à liderança do PT, queria saber do andamento da reunião. Antes, ainda estive no plenário — disse Josias.

Mas o próprio advogado dos parlamentares petistas, Márcio Silva, havia dito aos jornalistas, por volta das 17h de segunda-feira, que Josias estava mesmo se dirigindo à Câmara para entregar a carta de renúncia.

Desde o início do escândalo político envolvendo o PT, era dada como certa a renúncia de Josias. Ele sacou R$ 100 mil das contas do empresário Marcos Valério, no Banco Rural em Brasília. Chegou a deixar uma cópia de sua carteira de parlamentar na agência, fato que usa como defesa: o deputado alega que, se soubesse que estava fazendo algo errado, não teria deixado lá seu documento. O valerioduto levou Josias a renunciar à presidência do PT na Bahia.

Sobre a escolha de Mendes Thame como relator, Josias afirmou apenas:

— Trata-se de uma pessoa muito séria. ( Evandro Éboli )

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